21/03/19 – Diagnóstico da comunidade: 2º passeio exploratório e entrevista com os usuários

A manhã do dia 21 foi de total interação com a comunidade! Na semana anterior, nós havíamos elaborado perguntas dentro do eixo temático “Educação, Saúde e Cidadania” para compor a entrevista que faríamos aos usuários da UBS. Chegado o dia, cada aluno entrevistou um usuário na unidade e dois nas ruas e nas residências, a fim de apurarmos a visão que a população local possui sobre tais aspectos, que são imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania e para o bem-estar do indivíduo e da coletividade. Destaco, novamente, a dificuldade que tive de me despir das minhas visões e conceitos que eu já trazia comigo, tanto no processo de elaboração das perguntas, quanto no momento da própria entrevista: demorou um certo tempo para que eu entendesse que a minha visão não é a correta, ela é simplesmente a minha visão.

No tocante à saúde, duas mulheres que entrevistei, uma de 50 anos e outra de 85, afirmaram que não são saudáveis porque possuem doenças físicas variadas, como hipertensão e artrose. A terceira, de 61 anos, declarou que saúde não é só não estar doente, é estar bem: “envolve o emocional, financeiro, moral, educacional, psicológico, enfim, é um conjunto”. Chamou a minha atenção o destaque dado por ela à saúde psicológica: “para ser saudável, eu procuro não me estressar”. Todas ressaltaram que a UBS Bela Vista contribui positivamente para sua saúde, com destaque para o trabalho das agentes comunitárias. No entanto, alguns contratempos foram mencionados, como a demora para conseguir consultas e receitas.

Para minha surpresa, houve unanimidade quanto aos conceitos de cidadania. Todos culminaram na visão de que ser cidadão é viver bem com o outro e ajudar o próximo, isto é, conviver em harmonia no meio social. Também ficou nítida a importância dada pelas três entrevistadas à educação, tida como “a base de tudo” e muito pautada na instrução familiar e na transmissão de valores morais. Em relação às escolas do bairro, despertou minha curiosidade uma reclamação pontual sobre o ensino na Escola Municipal Irmã Arcângela, na qual a entrevistada relatou a exclusão dos alunos que não entendem determinado assunto quando a maioria já compreendeu: “o professor não repete a explicação, porque todos os outros entenderam”, declarou a entrevistada. Ainda assim, acredito que esse seja um problema não só dessa escola, mas do próprio sistema de ensino brasileiro, que se mostra deficitário ao desconsiderar, muitas vezes, as especificidades de cada sujeito no processo de aprendizagem. Para mim, a reflexão deixada por toda essa experiência foi a de que os ataques à cidadania se manifestam de inúmeras formas, sob as mais variadas facetas.