top of page
Início: Bem-vindo
Início: Blog2

07/03/19 – Um olhar sobre a comunidade: 1º Passeio Exploratório

  • Foto do escritor: Lázaro Mendes
    Lázaro Mendes
  • 7 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de abr. de 2019



ree

Eu estava muito animado para ir à UBS nesse dia, pois eu queria conhecer de perto a comunidade e seus equipamentos sociais: creches, escolas, praças, etc. E quanto a isso, não houve decepções! Iniciamos a manhã no auditório da unidade com uma discussão, mediada pela preceptora Tamires, sobre a relevância dos determinantes sociais da saúde, pois, muitas vezes, nos deparamos com visões reducionistas que limitam o conceito de saúde a fatores biológicos, como se a ausência de doenças físicas fosse suficiente para determinar que um indivíduo está saudável. Com efeito, a OMS define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Nesse sentido, aspectos por vezes ignorados, como desemprego, educação precária e violência, tornam-se cruciais para a aquisição de um pleno bem-estar individual e coletivo. Em seguida, foi ressaltada a importância de utilizar as técnicas etnográficas no mapeamento de áreas a serem estudadas, a fim de se obterem conclusões inequívocas. Encerrando o debate, foi destacada a diferença entre prevenção e promoção da saúde: enquanto prevenir doenças é uma ação mais pontual, promover saúde envolve uma série de fatores com vistas ao bem-estar, incluindo a prevenção de enfermidades. Logo percebi que o objetivo do SaCi é, também, promover saúde!


Durante a leitura do texto de apoio na noite anterior, me chamou a atenção um trecho em que o autor destaca a necessidade de nos despirmos do nosso olhar preconceituoso antes de observarmos e analisarmos o outro e o meio em que ele vive. Como afirmou Roberto da Matta, o que nos é “familiar” já está introjetado pelo costume, então, para mim, foi bastante difícil ter que explorar a comunidade sem partir da minha visão de mundo já pré-estabelecida.


Finalizada a discussão, distribuímos chocolates com mensagens para as mulheres da UBS, em homenagem ao dia da mulher, que seria comemorado no dia seguinte. Feito isso, seguimos para o nosso primeiro passeio exploratório, guiados pelas agentes de saúde Santana e Edineide. O nosso primeiro ponto de parada foi o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil, mais conhecido como “creche”), onde fomos muito bem acolhidos pelos funcionários presentes, com destaque para a diretora, que abrilhantou nossa visita com sua boa dose de humor. Ela nos encheu de informações sobre a creche (descobrimos que lá estudam 243 crianças de 3 a 6 anos), mas um ponto relatado por ela que me chamou a atenção foram os problemas relacionados à higiene dos alunos: não é raro encontrar micoses, pediculose e cáries nas crianças. A diretora, notadamente comprometida e veementemente engajada na gestão do instituto, declarou que o CMEI promove a conscientização quanto a isso, especialmente direcionada aos pais, mas ainda há um distanciamento em relação ao que se observa na prática. Nesse viés, cheguei à conclusão de que é indispensável que haja uma reeducação dos pais dos alunos, a fim de sensibilizá-los quanto à importância da higiene para o desenvolvimento integral de seus filhos.




O nosso próximo destino foi a Escola Municipal Irmã Arcângela, que possui turmas até o 9º ano do ensino fundamental. Como as aulas ainda não haviam iniciado, o ambiente estava pacato, e a diretora prontamente nos recebeu na sala da coordenação, onde falou brevemente sobre aquela instituição. Seu discurso tornava clara sua persistência e seu amor pela comunidade, pois é nítida sua luta diária para proporcionar uma educação digna aos estudantes. Por outro lado, a diretora mencionou que muitos alunos se encontram em situação de risco, na medida em que possuem contato frequente com drogas e violência, além de sofrerem os efeitos da vulnerabilidade socioeconômica dos pais e familiares, os quais muitas vezes se encontram desempregados. Em reflexão posterior, pude inferir que todos esses fatores contribuem para um quadro que impede a aquisição da harmonia social e leva crianças e adolescentes a um estado cada vez mais gritante de invisibilidade e marginalização no ambiente coletivo.





Por fim, visitamos a rádio comunitária da região, presidida pelo Sr. Raimundo Jorge, um simpático idoso que enche o peito de orgulho para falar do seu trabalho voluntário na rádio difusora, a qual tem como intuito primordial a comunicação de avisos e informações pertinentes à comunidade, sendo, também, um canal aberto de expressão da população.



ree
Torre da Rádio Comunitária

 
 
 

Comments


SOBRE O AUTOR

"Sou estudante do 1º período de Medicina na UFRN e encontrei na disciplina SaCi uma oportunidade única de entender o funcionamento do SUS e de ter um contato direto com a comunidade, a fim de compreender os determinantes sociais do processo saúde-doença. Sou fascinado pela arte do cuidado e espero que essa disciplina contribua para que eu possa exercer uma medicina humanizada e que enxergue o paciente como pessoa, e não como mera doença."

Lázaro de Oliveira Mendes, 17 anos, autor do portfólio 

(84) 99141-8104

eu.jpg
Início: Entre em contato
bottom of page